quinta-feira, 1 de maio de 2008

O fruto do trabalho é mais que sagrado...

A música brasileira apresenta grandes profissionais, relembrados, comentados e debatidos com frequência nesse espaço. Grandes compositores, intérpretes, maestros, instrumentistas, técnicos enfim, temos profissionais que não deixam a desejar, em todas as vertentes musicais caracterizando a diversidade e miscigenação de um povo e de uma cultura altamente produtiva.

"Trabalhar edifica o homem". Essa frase lacônica expressa a filosofia do nosso ganha pão e é praticada com afinco pelos nossos artistas musicais. Muitas vezes, alguns de nossos compositores ressaltam o ato de trabalhar em suas letras. Vamos lembrar algumas delas aqui e se os colegas quiserem mencionar outras, agradeço o enriquecimento desse tópico dedicado a todos os trabalhadores, não restringindo ao campo musical.

Uma das frases mais célebres da música brasileira em relação ao trabalho é de Gonzaguinha em Guerreiro menino: "Um homem se humilha, se castram seus sonhos, seu sonho é sua vida e a vida é o trabalho e sem o seu trabalho um homem não tem honra e sem a sua honra se morre, se mata". Com essa explanação, Gonzaguinha, que sempre acredita na rapaziada, conseguiu pôr em música o quanto o trabalho edifica o homem.

O rei Roberto e seu parceiro Erasmo também expressaram sua admiração pelo povo, típico Herói calado que construe a história desse país: "Pega no pesado, o corpo suado, calos tem nas palmas das mãos, esse herói calado, um abençoado o nome dele é povão..." é uma das estrofes desse artista que já ressaltou outros profissinais mais específicos, o taxista e os caminhoneiros.

Milton Nascimento também ressalta o trabalho em Fé cega, faca amolada: "Plantar o trigo e refazer o pão de cada dia, beber o vinho e renascer na luz de todo o dia..."

O Chico Buarque vai além em vários temas, como em Cotidiano que ressalta o trabalhador diante de uma parceira que faz tudo igual, porém divino "Todo dia ela faz tudo sempre Me sacode as seis horas da manhã Me sorri um sorriso pontual E me beija com a boca de hortelã". Ou em Vai trabalhar vagabundo: "Vai trabalhar, vagabundo Vai trabalhar, criatura Deus permite a todo mundo Uma loucura...", onde ressalta os obstáculos e desamores de quem trabalha, os sofrimentos...

Tim Maia, parece que compreendeu bem a canção anterior do Chico e cantou um protesto contra o trabalho em Sossego: "Não me amole com esse papo de emprego, não tá vendo que não tô nessa, o que eu quero é sossego..." e o Tim, às vezes, mandava ver nesse tema na prática e faltava alguns shows, fazendo crescer ao seu redor essa fama de Será que ele vem? rsrsrs Esse era o folclórico Tim!!!

Zeca Pagodinho, ao interpretar Maneiras, deixou seu parecer: "...eu pago tudo o que consumo com o suor do meu emprego..." O que falar de Luiz Gonzaga que sempre presenteou os trabalhadores mais regionalistas como boiadeiros e agricultores com seus clássicos? "Vai boiadeiro que a noite já vem, guarda o teu gado e vai pra junto do teu bem..."

Eu poderia citar muitas outras passagens dessa nossa música brasileira ressaltando esse dia comemorado hoje por todos os profissionais que dão seu amor à sua profissão e, muitas vezes em condições salariais e estruturais não favoráveis, vivem de fé nesse país de Deus! Ficamos com a letra de Amor de índio, do Beto Guedes, já interpretada por grandes nomes como Roupa Nova, Djavan, Milton Nascimento, Simone e pelo próprio Beto, que reflete algo maravilhoso dessa data em sua poesia quando diz: "Todo amor é sagrado e o fruto do trabalho é mais que sagrado..."

Amor de índio
(Beto Guedes e Ronaldo Bastos)

Tudo que move é sagrado
e remove as montanhas com todo o cuidado, meu amor.
Enquanto a chama arder todo dia te ver passar
Tudo viver a teu lado com arco da promessa do azul pintado, pra durar.

Abelha fazendo o mel vale o tempo que não voou
A estrela caiu do céu, o pedido que se pensou
O destino que se cumpriu de sentir seu calor e ser todo
Todo dia é de viver para ser o que for e ser tudo

Sim, todo amor é sagrado e o fruto do trabalho é mais que sagrado, meu amor.
A massa que faz o pão vale a luz do teu suor
Lembra que o sono é sagrado
e alimenta de horizontes o tempo acordado, de viver.

No inverno te proteger, no verão sair pra pescar
no outono te conheçer, primavera poder gostar
no estio me derreter pra na chuva dançar e andar junto
O destino que se cumpriu de sentir seu calor e ser tudo.

Um forte abraço a todos!

3 comentários:

Anônimo disse...

Lindo post e grande homenagem ao trabalhador.
Não só na música como em várias outras manifestações artísticas, o trabalho sempre foi citado de uma forma muito realista e bonita. Não é à toa que tivemos Chaplin, no cinema, e Émile Zola, na literatura internacional. Nada melhor que, em pleno dia do trabalho, ele seja lembrado através da música e da arte.

Beijos

Anônimo disse...

Esta matéria que o amigo Everaldo aqui colocou é uma homenagem carinhosa e de admiração por todos nós, trabalhadores das mais diversas profissões, neste dia 1º de Maio - dia mundial do trabalhador.
Através da música brasileira este dia foi aqui lembrado duma forma bastante "sábia" e original.
Parabéns Everaldo.
Um abraço.

James Lima disse...

Lindo. Excepcional.
Parabéns, bicho.